domingo, 6 de janeiro de 2013

A Epifania do Senhor

« Os Reis de Társis e das ilhas vão trazer-lhe ofertas, os reis de Sabá vão pagar-lhe tributo. Que o adorem todos os reis da terra e o sirvam todas as nações» (cf. Sal 72). A Solenidade de hoje mostra-nos o cumprimento desta profecia. Os sábios “pagãos” vão à manjedoura de Belém. 

O nascimento do Salvador apresenta-se como um acontecimento que interessa não só ao Povo de Israel, mas a todo homem. A liturgia apresenta um fato particular – a adoração dos Magos – e, através de tal acontecimento, insere-nos na Realidade divina. Eis a pedagogia divina: A Encarnação.

Os três Magos, cujos restos mortais são custodiados na Catedral de Colônia, eram homens em atitude de profunda espera, que escrutavam os céus em busca dos sinais do Criador. Para fazer-se encontrar por eles, o Senhor utiliza aquilo que lhes era mais familiar: a estrela. 

Tratava-se de uma estrela com luminosidade e dimensões similares a qualquer outra, mas que ao mesmo tempo, era absolutamente única. De fato, ao resplandecer sobre suas faces reacendia os seus corações, mostrando para qual Luz fossem realmente feitos e colocando-os em caminho.

Tratava-se de um “sinal”, algo de absolutamente comensurável, mas que remetia a uma Realidade superior ao próprio significado.
 

Durante a viagem, especialmente quando os Magos chegaram a Jerusalém, parecia que a estrela havia desaparecido, mas, na realidade, estavam diante de uma estrela bem maior, que lhes permitiu reconhecer a necessidade de dar um passo ulterior. 

De fato, reconheceram que foram conduzidos ao coração de Israel, o Povo que o Senhor escolheu como sua morada, e àquela nova Estrela confiaram o próprio caminhar. Depois do cosmos, da obra da criação, a primeira Aliança é o “grande sinal” que Deus pôs no mundo, através do mistério da predileção.

No entanto, parece que aquela luz não resplandeceu com a mesma pureza do astro celeste, ainda que fosse sempre uma mesma luz, pois em diversos momentos indicou aos Magos o caminho, animados das mais díspares das intenções: o rei Herodes serviu-se deles para eliminar um possível rival no poder e concorrente ao título de Rei; além disso, os chefes dos sacerdotes e os escribas usaram a sabedoria recebida de Deus para secundar as solicitações de Herodes, ao ponto de fazê-lo permanecer em Jerusalém, ao invés de acompanhar os Magos à Belém.

O Evangelista mostra-nos o Mistério da Igreja, a Comunidade daqueles que, por graça divina, tornaram-se filhos no Filho, ao mesmo tempo em que foram chamados a fazerem-se, com a ajuda divina, plenamente participantes da Vitória de Cristo sobre o pecado e a morte.

Confiamo-nos ao Senhor Jesus que, sobretudo através daqueles “astros” – que de modo todo especial resplandece na vida dos Santos – indica-nos, incansavelmente e com fidelidade divina, a Igreja como lugar do encontro com Ele. 

Juntamente com os Magos, aprendemos da Bem-Aventurada Virgem Maria e da fé das pessoas simples, a ter mesma atitude dos pastores: prostrar-se diante de Cristo, verdadeira Eucaristia, e oferecer ao Rei dos reis o ouro dos nossos “tesouros”, ao Deus-conosco o incenso da nossa oração, e ao Redentor Crucificado e Ressurrecto a mirra do nosso sofrimento.

Assim nos tornaremos, sempre mais, participes da Vida do Senhor Jesus, único e verdadeiro “Astro do Céu”, e se realizará também em nós a profecia de Isaías: "Então verás, e teu rosto se iluminará, teu coração vai palpitar e arfar, pois estarão trazendo a ti os tesouros de além-mar, aí chegarão as riquezas das nações" (cf. Is. 60, 5).

Arautos do Evangelho

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