O Santo Apóstolo Matias era natural de Belém e um dos descendentes da tribo de Judá. Desde a sua infância em Jerusalém, dedicou-se à meditação da Lei de Deus através do estudo dos livros sagrados e, sob a orientação de São Simeão, o Receptor de Deus, foi instruído na vida e nas virtudes. Em tudo, procurava ser agradável a Deus, seguindo estritamente o caminho dos Divinos Mandamentos.
Matias foi contado entre os setenta e dois outros discípulos que « o Senhor designou e enviou, dois a dois, adiante de si, por todas as cidades e lugares para onde ele tinha de ir » (Lc 10,1), tendo antes seguido Jesus desde o começo de sua vida pública, testemunhando e vivendo todo o drama da sua paixão, morte e ressurrreição. Após a morte de Judas Iscariotes, o Traidor, Matias foi o escolhido para ocupar seu lugar, completando o grupo dos Doze Apóstolos. Sua Eleição foi descrita nos Atos dos Apóstolos, assim:
É necessário, pois, que, dentre estes homens que nos acompanharam todo o tempo em que o Senhor Jesus viveu em nosso meio, a começar do batismo de João até o dia em que dentre nós foi arrebatado, um destes se torne conosco testemunha da sua ressurreição.
Apresentaram então dois: José, chamado Barsabás e Matias.
E fizeram esta oração: ‘Tu, Senhor, que conheces o coração de todos, mostra-nos qual destes dois escolheste para ocupar o lugar que Judas abandonou, no ministério do apostolado, para dirigir-se ao lugar que era o seu’ lançaram sortes sobre eles, e a sorte veio a cair em Matias, que foi então contado entre os doze apóstolos (At 1,21-26).
Após a descida do Espírito Santo, os apóstolos fizeram a distribuição dos lugares aonde deviam levar o Evangelho. Ao apóstolo Matias coube a região da Judéia, onde percorreu cidades e povoados proclamando a boa-nova da presença do Salvador do mundo, na pessoa de Jesus Cristo.
O livro do Atos dos Apóstolos relata que o apóstolo Matias pregou o Evangelho na Judéia e em Jerusalém, juntamente com os outros Apóstolos (At 6,2; 8,14). Sua pregação não se restringiu aos judeus, alcançando também os gentios.
Diz ainda a Tradição que São Matias levou o Evangelho aos habitantes da Etiópia, e lá teve de suportar muitas e diversas formas de aflições.
Ainda que sejam poucos os relatos sobre a sua vida, sabe-se que ele sofreu o martírio em Colchis, apedrejado por ordem do sumo sacerdote Ananías, e recebeu a coroa de mártir, oferecendo sua vida por amor a Cristo, no ano 63.
Porém há controvérsias: Os martirológicos gregos afirmam que Matias pregou o Evangelho na Judéia, em Jerusalém, depois da Etiópia, onde fundou um bispado e terminou a vida na cruz.
Outras fontes históricas confirmam a comunicação do martirológio grego e acrescentam que Matias morreu em Sebastópolis, onde foi sepultado perto do templo do sol.
Há outros historiadores que discordam radicalmente das fontes citadas, nada dizendo do martírio do Apóstolo, mas afirmam que Matias morreu em Jerusalém e lá foi sepultado. Há ainda uma terceira versão, segundo a qual Matias teria sido apedrejado pelos judeus e decapitado.
A história deixa-nos, portanto, por completo na ignorância relativamente ao tempo e ao lugar da morte ou Martírio de São Matias. A mãe de Constantino, o Grande, Santa Helena, trouxe as relíquias de São Matias para Roma. Uma parte destas relíquias é venerada na Igreja antiquíssima de São Matias em Tréves (Alemanha) e outra na Igreja Santa Maria Maggiore em Roma.
Reflexões:
É muito eficaz invocar São Matias nos momentos de sérias contendas, discussões acaloradas, ou agressões mútuas que possam culminar em séria discórdia ou tragédia.
Nestes momentos, ele intercede mesmo, dissipando em segundos a ira e restabelecendo a paz.
São Clemente de Alexandria afirma que São Matias recomendava aos neófitos as práticas da mortificação: "Quem quer ser discípulo de Cristo, deve mortificar-se, castigar o corpo, levar a cruz e resistir aos apetites da carne...".
São Matias pregava não a pessoas que viviam no convento, mas ao povo cristão essa lei, que a todos obriga. Nos dias atuais, milhões de desculpas existem e muitas versões mirabolantes tentam nos afastar da prática da mortificação.
Há muitas pessoas que se sacrificam e mortificam-se com os fardos que o dia-a-dia impõe, mas passam a vida inteira em murmúrios e lamentações.
Saibamos, portanto, aproveitar todas as nossas dores, desde as mais sutis até as provações mais pesadas, oferecendo-as como sacrifícios pessoais em honra a Santíssima Trindade, em desagravo dos pecados cometidos pela humanidade, pelas almas do Purgatório e por tantas outras intenções!
Fazendo assim, caminhamos no mundo honrando e glorificando a Deus, bem como aliviando e libertando muitas almas do cárcere purgativo. Lembremo-nos, de oferecer todos os sacrifícios diários a cada manhã, certos que proporcionaremos ao Céu e ao Purgatório, muitas alegrias com as nossas amarguras presentes.
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