segunda-feira, 8 de abril de 2013

Convento de Nossa Senhora das Alegrias - A Virgem da Penha


Solidamente assentado sobre um elevado rochedo, o Convento da Penha - em Vila Velha do Espírito Santo, um dos mais abençoados lugares de peregrinação do Brasil - lembra as antigas fortalezas medievais. Sua história, considerada lendária pelos céticos e milagrosa pelos homens de fé, está pontilhada de fatos luminosos, próprios a alimentar a piedade do bom povo de Deus.

O fundador, homem contemplativo e missionário

Em 1558, aportou em Vila Velha um irmão leigo franciscano, espanhol, chamado Frei Pedro Palácios, trazendo um quadro a óleo de Nossa Senhora dos Prazeres (ou das Alegrias), de fascinante beleza artística e tocante comunicabilidade sobrenatural.

Espalhou-se a crença de que a própria Rainha do Céu lhe havia indicado um penhasco onde ele deveria construir a ermida que deu origem ao atual Santuário.

Instalando-se aí, o devoto de Maria da Penha entregou-se à vida contemplativa. Às tardes, descia com o quadro da Mãe de Deus para evangelizar os índios e inflamar na fé os habitantes da Vila. Concedia ao sono poucas horas, deitado sobre
uma tábua, tendo por travesseiro o degrau de pedra do altar.

Em 1570, gasto pelos jejuns, penitências e trabalhos apostólicos, foi encontrado morto junto ao altar, ajoelhado e de mãos postas, como em devota oração, justo aos 70 anos de idade. Nesses doze anos de vida edificante, granjeou a celebridade da qual goza até nossos dias.

Fatos prodigiosos na vida de Frei Palácios

Segundo as crônicas, quando de sua vinda para as terras brasílicas, o navio que o transportava foi sacudido por furiosa tempestade. Um marujo, tomando-lhe o manto, lançou­o sobre as ondas revoltas, e estas logo se acalmaram.

Durante uma de suas missões em Itaquari, a 60 km de Vitória, uma terrível febre devastava as crianças dessa vila. Ele mandou os habitantes construírem uma capela em louvor de São Francisco, prometendo- lhes que Deus teria misericórdia deles. Concluída a obra, cessou a epidemia.

Durante a construção da primeira ermida, no local onde está hoje o Convento, um operário ia despencando pelo penhasco abaixo. "Pára!" - bradou o homem de Deus. E ele parou como que seguro pela pedra, até ser resgatado.

Nessa mesma ocasião, faltando água para a construção, Frei Palácios ajoelhou-se sobre a rocha, em fervorosa oração, e logo jorrou o valioso líquido.

Incumbiu um certo homem de mandar esculpir em Portugal uma imagem de Nossa Senhora, em madeira, para o altar da capela. Este, porém, ocupado demais com os negócios deste mundo, esqueceu os do Céu... e não fez a encomenda. Entretanto, na véspera de sua partida, um desconhecido entregou-lhe a imagem, na exata medida e forma desejada pelo santo frade franciscano. É a que atualmente se venera no Santuário.

A Legião Tebana enviada em defesa do Santuário

Em 1625, Vila Velha foi acometida pelos calvinistas holandeses. Das crônicas de Frei Jaboatão, consta um fato, tão milagroso quanto misterioso. Preparavam-se eles para atacar, quando o Santuário se transformou em magnífica fortaleza, cercada de fortes muralhas e defendida por temível esquadrão de soldados. Ao avançar rumo à Ermida, perceberam os invasores muita gente, a pé e a cavalo, portando armas reluzentes e marchando de encontro a eles.

Esse aterrador espetáculo pôs em debandada os inimigos da Fé. Deste modo, o Convento da Penha foi salvo dos saques e sacrilégios que os calvinistas costumavam promover.

Como era 22 de setembro, festa dos santos mártires da Legião Tebana, os católicos reconheceram naquele "misterioso exército celeste" a valorosa legião romana. Pode-se ver ainda na Penha uma pintura de Benedito Calixto, sob o título de "A Visão dos Holandeses", retratando esse prodígio. Na ocasião, erigiu-se um altar em honra de São Maurício, comandante dessa famosa Legião, composta por 6.600 combatentes, todos martirizados no ano 303.

Por que terá a Rainha dos Mártires enviado essa heróica Legião para atuar no Brasil, um país com o qual nem se sonhava na época em que ela foi exterminada? Deixemos esta pergunta para o leitor fazer a São Maurício no Céu, quando o encontrar naquele belo dia em que "não haverá mais noite" (Ap 22,5).

Da nossa parte, ao visitarmos o abençoado Santuário da Penha, roguemos à Mãe de Deus que, em outras eventualidades, envie novamente esses heróis da Fé em missões para o bem de nossa Pátria.

História da Legião Tebana

No ano de 303, este corpo do Exército Romano estacionado em Tebas (Grécia), todo formado de cristãos, foi convocado a Roma pelo Imperador Diocleciano e recebeu ordens de reunir-se às tropas comandadas por Maximiano, encarregado da terrível perseguição que então se movia contra os cristãos.

Este odiava o Cristianismo e decidiu lançar os combatentes da Legião Tebana contra seus irmãos na Fé.

Posto a par desses maléficos intentos, o Papa São Caio instruiu os legionários de Cristo sobre como dar a César o que é de César sem deixar de dar a Deus o que é de Deus (cfr. Lc 20, 25).

Com efeito, a representação enviada pelos Tebanos ao Imperador parece inspirada nas instruções desse santo Pontífice: "A vós devemos o serviço da guerra, a Deus a inocência. Se não ordenardes o que ofende a Deus, nós vos obedeceremos. Caso contrário, cumpre obedecer antes a Deus que aos homens (At 5, 29). Consideramos crime empregar nossos braços para derramar sangue inocente. Exigis que procuremos cristãos para supliciá- los. Não tendes necessidade. Aqui estamos confessando Jesus Cristo. Nada há de nos levar à revolta. Temos armas nas mãos e não resistiremos. Preferimos morrer inocentes a viver culpados. Estamos dispostos a enfrentar quaisquer tormentos. Mas, cristãos que somos, não podemos perseguir cristãos."

Maximiano mandou, inicialmente, dizimar a Legião. Impotente diante da firmeza dos mártires, ordenou o massacre total. São Maurício, com todos os oficiais e soldados, trocaram as armas pela gloriosa coroa do martírio.

Convento da Penha 

Nascido de um prodígio e baluarte na luta contra as invasões holandesas, o convento abriga uma imagem milagrosa de Nossa Senhora da Penha.

Célebre é o Santuário de Nossa Senhora da Penha, no Estado do Espírito Santo, situado soberbamente no alto de uma montanha de 154 metros de altura, como um farol que ilumina com as luzes do cristianismo a entrada da magnífica enseada da capital, Vitória.

Contíguo ao Santuário ergue-se o convento, desde 1650, arrojadamente construído nas escarpas da rocha, dando de longe a impressão de inexpugnável fortaleza.

Desde o século XVI, vários cronistas têm escrito sobre esse monumento, contando sua história de milagres e de defesa contra os inimigos de nossa pátria, com episódios desconhecidos da imensa maioria do público.

A imagem de Nossa Senhora da Penha

Imagem original de Nossa Senhora da Penha tem mais de 400 anos e foi feita em Portugal, encomendada pelo frei Pedro palácios, fundador do Convento (Foto: Reprodução/TV Gazeta)Após dez anos de trabalhos árduos e incessantes, além de constantes penitências, pouco antes de sua morte, Frei Palácios prontificou-se em obter para a ermida de Nossa Senhora da Penha uma nova imagem, encomendando-a em Portugal.

Diz a tradição que a pessoa designada para mandar fazê-Ia em Portugal esqueceu-se da encomenda durante a viagem, não tomando nenhuma providência para isso. No entanto, às vésperas de voltar ao Brasil, um desconhecido lhe entregou um caixote, e ao abri-lo, encontrou a imagem exatamente com as indicações pedidas por Frei Palácios! Ela tem 76 centímetros de altura, nobreza, graça e naturalidade inimitáveis, e uma expressão de doce melancolia.

Assim, ficou aquela região, durante décadas, sob a maternal proteção de Nossa Senhora da Penha.

Oração à Nossa Senhora da Penha: Aprovada pelo 1º. bispo do Espírito Santo, Dom João Nery, em 23 de abril de 1901

Ó Maria Santíssima, Senhora da Penha, em cujas mãos depositou Deus todos os tesouros das suas graças, constituindo-vos amorosa e larguíssima dispensadora, a todos os que a vós recorrem com viva fé.

Eis-me cheio de esperança no vosso eficacíssimo patrocínio, solicitando, humildemente, vossa proteção e amparo.

Não negueis o vosso favor, ó cara Mãe, a este amoroso, embora indigno filho. Recordai-vos, ó Senhora da Penha, que nunca se ouviu dizer que algum dos que em vós tem depositado toda a sua esperança tenha ficado iludido.

Consolai-me pois, ó amorosíssima Senhora, com vossas graças que tão instantemente peço, a fim de continuar a honrar-vos na terra, com meu cordial reconhecimento até que possa, um dia, no céu, mais dignamente agradecer-vos todos os benefícios recebidos, nos séculos dos séculos.

Assim seja.

Rezam-se três Ave-Marias.

Declaração de Nossa Senhora da Penha como Padroeira 

[...] Desde os tempos mais remotos os fiéis cristãos da Diocese do Espírito Santo acompanham com grande cuidado (carinho) o exercício da devoção à Santíssima Virgem Mãe de Deus sob o título popular da Penha, cuja imagem pintada num quadro de madeira foi primeiramente exposta à veneração pública no ano de 1558, e em seguida colocada no templo sobre um alto monte (situado à entrada do porto de Vitória) generosamente construído e dedicado à Imaculada Mãe de Deus sob o título de Penha da Cidade de Vitória que é a sede episcopal da celebre Diocese. Por motivo dessa insigne piedade e como a Diocese do Espírito Santo ainda não gozasse de um celeste Patrono, o clero e o povo relembram o decreto de Urbano VIII, de 23 de março de 1630, escolhendo a Santíssima Virgem Maria sob o título da Penha, como sua principal protetora junto a Deus e apelam com suplicantes votos para o Revmo. Sr. Dom Fernando de Souza Monteiro, Bispo do Espírito Santo, para que consiga essa confirmação apostólica do Santíssimo Padre Pio X. Por conseguinte, essa piedosa súplica, sendo deste modo exposta ao abaixo assinado – Cardeal Prefeito da Sagrada Congregação dos Ritos, por sua suprema autoridade constituiu e declarou a Santíssima Virgem Maria, sob o título popular da Penha, principal padroeira de toda a Diocese do Espírito Santo, no Brasil; com todos os privilégios e honras atribuídas à mesma padroeira, que competem por direito aos principais patronos; assinado na festa da mesma Santíssima Virgem Maria da Penha, segunda-feira depois da oitava da Páscoa, conforme entrou em voga o memorável costume de celebrar a mesma festa nesse mesmo lugar.
A não ser que se mande o contrário.

A devoção hoje em Dia


Atualmente, devotos de Todo estado se reúnem durante a Oitava da Páscoa para agradecer e homenagear a Virgem da Penha. Com romarias, missas e shows, a Novena é considerada o o Primeiro Evento Religioso do estado e o Terceiro do Brasil

(Revista Arautos do Evangelho, Janeiro/2004, n. 25, p. 20-21)

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